segunda-feira, 11 de abril de 2011

Jogo do compasso!!!


Eu estudo em uma escola que fica na cidade vizinha à minha. Hoje não mais, porém, até o ano de 2007 era uma escola com fundamentos evangélicos. Eu e meus colegas gostávamos de desafiar a crença dos professores, que em sua maioria eram evangélicos.
Nós éramos jovens que pensavam que as relações paranormais eram pura criação da mente das pessoas e buscávamos brincar com isto. Dentre as muitas brincadeiras que fizemos uma das últimas foi a do compasso.
Eu levei o compasso para a sala e entusiasmei os outros para brincarmos no intervalo. Depois de pouca relutância todos aceitaram participar.
Esperamos os outros alunos e o professor sairem da sala e trancamos a janela. A porta foi segura por minhas costas, pois sentei numa cadeira na frente dela. Apagamos a luz e sentamos em círculo. Só conseguiamos ver uns aos outros e  ao  compasso. Éramos em sete e apenas duas meninas compunham o grupo. Sentiamos uma empolgação muito intensa. Talvez até pela vontade de sermos pegos quebrando as normas do colégio.
Havia um sorriso estranho no rosto de um de meus amigos, antes de iniciarmos o ritual. Seu nome era Rodrigo e ele adorava quando fazíamos estes jogos mexendo com o sobrenatural. Tinha um fascínio esquisito por estas coisas. Preferência que ele carrega até hoje em sua vida.
Éramos alunos de treze anos brincando com o desconhecido. Realizamos um ritual sombrio e diferente do que eu imaginava que seria, a pedido de Rodrigo. Alguns de nós davam calafrios pelos cantos. Eu prestava mais atenção nas reações dos outros do que no barulho que vinha de fora da sala.
Comecei a me animar quando Rodrigo tomou o compasso e perguntou se havia alguém conosco. A resposta afirmativa do objeto fez alguns tremerem e outros duvidarem se havia sido Rodrigo quem mexera o compasso verde. Eu sentia um clima diferente do inicial rondar o nosso círculo. Por estarem todos sentados no chão e eu na cadeira, podia notar os movimentos e reações de cada um. As garotas estavam de mãos dadas. Dois meninos riam para si, animados. Um outro se mexia frenéticamente para frente e para trás, num movimento de nervosismo. Rodrigo, no entanto, tinha um olhar diferente. Ele mirava o compasso incessantemente. O frio do ar-condicionado me abateu.
As pessoas perguntavam coisas bobas. Queriam saber se era um espírito (o compasso afirmou confirmando que sim); se era bom ou mau (esta pergunta não teve resposta);homem ou mulher (homem). Depois de uma sequência destas descobertas sem importância, havia chegado minha vez. Todos me olhavam apreensivamente. Sem explicação, comecei a suar em uma sala com refrigeração. Senti uma ponta de medo.
Neste momento de hesitação, Rodrigo se interpôs e perguntou na minha vez. Queria saber se aquele espírito queria fazer mal a algum de nós. O silêncio se espalhou como um véu sobre nós. Eu via todos observarem os movimentos do compasso atentamente. Ao fundo, eu não conseguia distinguir os ruídos do pátio da escola mais. O compasso disse "sim" e um tremor passou a me atormentar.
Todos estavam nervosos com a brincadeira e sussurravam pedindo para pararmos. Rodrigo disse que devíamos terminar o que começamos e que faria mal se nós saíssemos sem a permissão do espírito. Ele perguntou então a quem o espírito queria fazer mal. O pavor de cada um emanava como uma aura. Eu percebia que todos, inclusive eu, cerravam as mãos como que buscando segurança.
Rodrigo sorria até o momento em que o compasso se moveu bruscamente, se voltando contra sua mão e cortando-a com sua ponta. Gritos foram emitidos. Rodrigo jogou o objeto para o fundo da sala. Não o vi mais depois daquilo. As meninas correram para a parede oposta. Os três meninos saltaram para trás. Eu ergui meus pés (Não sei por que). Alguém chorava. Eu me apavorei ao ver que Rodrigo estava no chão e um vulto se erguia sobre ele. Aquela falta de luz não permitia ver mais. Tentei gritar, mas antes que o fizesse a porta foi escancarada.
A diretora e mais cinco professores entraram abruptamente na sala. A luz foi acesa. Olhei para os lados e vi meus colegas todos num canto da sala, encolhidos em um monte. Procurei por Rodrigo e o vi deitado de bruços no fundo da classe. A diretora nos retirou à força de lá e nos interrogou sobre o que fazíamos. Ninguém quis responder e nos levaram para a sala dos professores. Os outros alunos nos observavam pelo caminho.
Chegando lá, conseguiram descobrir nossa brincadeira pela boca das garotas, que se encontravam apavoradas. Os professores se espantaram e um deles foi buscar o compasso deixado na sala. Os outros nos levaram para a pequena saleta que havia por ali e fizeram uma sessão para nos libertar daquilo. Alguns choraram. Rodrigo estava abismado. Parecia em choque. Fomos avisados que seríamos expulsos da próxima vez que desafiássemos as normas da escola. Dizem que o professor nunca encontrou o compasso. Outros, que o objeto foi queimado até derreter.
Rodrigo morava na cidade e pediu para ir embora mais cedo. Só voltou ao colégio uma semana depois para pedir a transferência. Ficamos muito tempo tentando entender aquilo. Só brincamos com o colégio muito tempo depois.
Até hoje sinto arrepios ao lembrar daquele dia. O vulto que cobria Rodrigo me assombrou muito em meus sonhos. Parece que Rodrigo virou espírita e mora agora em uma cidade distante. Nunca mais o vi.
Naquele dia pude sentir o quanto pode ser duro enfrentar o desconhecido.
Acredite, a escuridão esconde coisas...
História  tirada de um site, naum é minha!!

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